Ontem chegamos a 500 mil mortes pela COVID-19.
No mesmo dia, em ato de repúdio à postura presidencial de desrespeito à vida e como forma de reconstruir as forças e a esperança, milhares de pessoas e movimentos sociais e coletivos, integrados, sobretudo, por trabalhadores(as) e moradores(as) das periferias, que são os que mais estão sofrendo as consequências da irresponsabilidade governamental, tomaram as ruas de muitas cidades brasileiras.
Noticiando os fatos, os jornais se viram obrigados a reconhecer a situação trágica pela qual passa a classe trabalhadora, mas nem por isso são capazes de exprimir uma só palavra a respeito da precarização das condições de trabalho estimuladas pela “reforma” trabalhista que tanto defenderam.
Negligencia-se, inclusive, o fato que os trabalhadores têm direito à vida e que não vivem somente para comer, pagar contas e voltar para a labuta, sendo certo que com a precarização jurídica ter um trabalho está longe de garantir quaisquer desses direitos. E o Direito do Trabalho não deveria ser fator de legitimação da exclusão e sim instrumento para a efetivação dos Direitos Humanos.
Ao mesmo tempo, apesar de não ser dado a ninguém dizer que desconhece a necropolítica desenvolvida pelo governo federal, vez que expressamente admitida pelo Presidente da República, em dezenas de pronunciamentos expressos neste sentido, tendo sido, inclusive, admitida como tal em reunião ministerial amplamente divulgada, não se efetiva qualquer medida concreta contra o avanço das mortes de trabalhadores e trabalhadoras, fazendo-se, isto sim, um simulacro de reação institucional, que é o que efetivamente consiste a CPI no Senado Federal (pelo modo como vem sendo realizada), além da busca, por parte de tantos outros, de uma capitalização política do caos (que contribui para a manutenção do estado de coisas), de modo a alcançar benefício eleitoral em 2022.
Será que o grande legado que se extrairá da pandemia é a assimilação do cinismo coletivo como o pressuposto do “novo normal”?
Precisamos muito, portanto, falar novamente sobre o “discurso da estupidez” que persiste em dominar o cenário nacional mesmo em uma situação em que a razão teria que imperar de forma inquestionável.
Então, ficamos assim combinados:
Resenha Trabalhista – “O discurso da estupidez e as relações de trabalho no Brasil” – Parte II
Participação: Jorge Luiz Souto Maior
Um bate-papo com:
- Aldacy Rachid Coutinho: professora titular aposentada de Direito do Trabalho na UFPR, integrante da Renapedts e professora de pós-graduação da UNIVEL;
- Mauro Mendes Dias: psicanalista, diretor do Instituto Vox de Pesquisa em Psicanálise de São Paulo e escritor;
- Edson Carneiro (Índio): secretário-geral da Intersindical;
- Celso Rodrigues: sociólogo, historiador, bacharel em Direito, coordenador do Institutopensar e da Escola Trabalho e Pensamento Crítico.
Domingo, 20/06/20 - hoje
19h00
Transmissão pelos canais:
- https://www.youtube.com/watch?v=b3BY60clg4M
- https://www.facebook.com/1067682839924221/posts/6348137338545385/
- https://www.facebook.com/222913912738723/posts/333115268385253
Até lá!
Jorge Souto Maior