Após o fatídico “7 de setembro de 2021”, inúmeras análises, nos mais variados sentidos, têm sido publicadas. De maneira geral, o ponto central da discussão se direciona no desafio de saber se o movimento golpista do Presidente foi um fracasso ou um sucesso. Uns destacaram que o Presidente saiu com o rabo entre as pernas e outros apontaram que o movimento teria tido a força para deflagrar o golpe, que, portanto, estaria em curso.
Ao ler essas diversas análises divergentes e ver tantas pessoas meio sem rumo, se vendo na necessidade de filiar a esta ou aquela corrente, foi impossível não recordar do que se passou na história recente do Brasil, notadamente em 2013 e 2016, quando as leituras de conjuntura tentaram dominar os fatos e, assim, atraí-los para o lado que favorecesse os interesses daqueles que se expressaram publicamente ou daqueles em nome dos quais se expressava, deixando em segundo plano o desafio da formulação de chaves úteis à compreensão da história em curso.
É evidente que não é nada fácil a tarefa de formular compreensões sobre fatos contemporâneos. Todavia, não se pode afastar a evidência de que o envolvimento emocional, às vezes um tanto quanto impulsionado pela soberba de construir a “melhor versão” sobre os fatos, e, sobretudo, o vínculo político-partidário tendem a viciar as análises. Com isto, a disputa da narrativa se sobrepõe aos fatos e o grande problema é que a incompreensão facilita as coisas para aqueles que, de algum modo, possuem as melhores condições de mover as peças do tabuleiro em determinada direção, não precisando sequer revelar que o fazem.