Maria Martha Henriques Souto Maior - 1929-2018
Sobre o que esse momento nos traz, poderíamos falar de nós mesmos. Falar do nosso sofrimento, da nossa dor. De como queremos ser fortes, indestrutíveis e como, bem ao contrário, nos percebemos autênticos seres humanos, frágeis e vulneráveis.
Mas há algo ainda mais belo que é a compreensão de que somos incompletos.
Essa não devia, no entanto, ser uma lição de momento, ainda mais para quem teve o privilégio de conviver com pessoas como a D. Martha - e, certamente, há muitas delas por aí. Anjos que a cada situação do cotidiano, para as quais costumamos não dar importância, tentam nos mostrar a relevância de ver o quanto as outras pessoas estão presentes em cada ato que praticamos e por qual razão, então, toda ação e todo sentimento são essenciais, vez que ajudam a preencher as nossas lacunas.
D. Martha passou a vida tentando nos mostrar isso. Tudo que fazia estava relacionado às outras pessoas e queria que percebêssemos a importância desse modo de agir, não por mera formalidade, mas pelo efeito de que quanto mais nos preocupamos com as relações humanas, mais somos humanos e mais conseguimos entender e amar as outras pessoas, sem qualquer direcionamento específico ou interesse para além da construção cotidiana do próprio ser e do todo a que se integra.
Quem convive com pessoas assim sabe como elas sempre estão prontas para receber, para dizer uma palavra amiga, para nos por para cima.
Dona Martha era assim: uma pessoa que te elogiava, mesmo que você tivesse feito algo que você considerasse insignificante, que te mostrava como você estava bem, mesmo que você quisesse ir ladeira abaixo e que te dizia o quanto eram boas as pessoas que você escolhesse para não gostar.
Pode parecer chavão, mas nunca a vi falando mal de alguém ou diminuindo suas conquistas. Estava lá sempre disposta e pronta para ser vista e para ver e ouvir.
É enorme a gratidão por esse carinho verdadeiro que você direcionou a todos nós!
Você é linda, como é lindo o amor que todos sentem por você!
Mãe querida, obrigado!
BH, 09 de julho de 2018
Jorge Luiz Souto Maior