Tenho, por certo, muitos motivos para deixar consignada uma gratidão ao tio Carlinhos. Na juventude, ele me proporcionou dias inesquecíveis em Iguaba, no Grajaú e em lugares mil, Rio afora. Me possibilitou, inclusive, buscar a sorte no Fluminense e, depois, no Vasco, quando tentava deslanchar na carreira fubebolística.
Mas o que me motiva essa escrita é a gratidão pelo exemplo de ser humano que sua existência representa.
Tio Carlinhos, como era chamado, com carinho, por todo mundo, conseguiu atingir a essência da condição humana: ele era, no sentido mais pleno da expressão, um homem bom.
Tudo que se queira e se deva mencionar sobre sua personalidade poderá ser reduzido a esta fórmula sintética.
Sem essa intenção simplificadora se poderá dizer que o tio Carlinhos era uma pessoa extremamente agradável, alegre, simples, amigável, honesta; que inspirava uma lógica de confiança recíproca e irradiava uma pureza de espírito extrema.
Na última vez que o vi, em março deste ano, nos despedimos tarde da noite no metrô de Copacabana. Ele, com seus 80 anos, indo sozinho para a sua casa no Grajaú. Carregava uma aparência tranquila e feliz e esta é a imagem que deixarei bem guardada, para ser usada em momentos de algum desânimo.
Quem o conheceu e, sobretudo, quem com ele conviveu têm a obrigação de assimilar e difundir o seu legado, que é o da crença na bondade humana.
Valeu muito, tio querido!
Jorge Luiz Souto Maior