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BLOG

 A Confissão (*)

12/10/2015

1 Comment

 
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Jorge Luiz Souto Maior
Achas mesmo que o que se passou comigo pode entrar em uma página de livro? Vá que seja, mas veja bem esta não é uma história com final definido.

Tudo começou com meu renascimento. Um dia, uma brisa, surgida ao modo da grande explosão que deu origem ao universo, foi crescendo até se tornar um grande vendaval. A força do vento empurrou a porta que me mantinha aprisionado em uma sala escura.

Libertei-me e, rapidamente, espalhei-me entre os seres humanos. Graças à minha presença estes tiveram a percepção do que se passava nos campos, com a miséria, a violência e a tristeza. Já sabiam do medo, mas não se atreviam a explicá-lo. Aliás, nada, de fato, tinha nomes precisos, até porque a realidade das coisas era o que tinha que ser, por obra daquele em quem tudo se explicava.

Mas quando puderam nominar essa realidade, tantas outras passaram a ser também percebidas, notadamente, a avareza, a abundância e o poder.

Fui a arma contra esses males e experimentei um triunfo fulminante, extraindo a humanidade das trevas, espalhando noções de igualdade e de liberdade e produzindo, antes de tudo, conhecimento. Saí da prisão onde me encontrava há séculos e guiei a humanidade para um novo mundo de conquistas, compreensões, cálculos, progresso...

Tudo que me era demandado eu atendia. Não havia o que não pudesse explicar, projetar, avaliar...

Eis que um dia chegou-me a notícia de que em muitos lugares ainda havia miséria, violência, opressão e tristeza.

Vi, então, ameaçado o meu reinado, vez que o que havia prometido eu não consegui cumprir. Mas não queria voltar à escuridão e preocupando-me mais comigo mesmo do que com a condição real daquelas pessoas, e sem me esforçar o suficiente para entender a situação e encontrar meios para superá-la, até porque sentia que isso desagradaria àqueles que me alçaram àquela condição de proeminência, pus-me a serviço da eliminação abstrata daquela realidade. Ou seja, sem alterá-la concretamente conseguia destruí-la da mente daqueles que me mantinham triunfante.

Não havia, pois, mais miséria, violência, opressão e tristeza. Havia, racionalmente, pessoas que se reproduziam demais, inconformados e pouco competentes. Havia, ainda, uma explicação lógica das diferenças, que seriam determinadas por uma espécie de natureza intrínseca das pessoas.

E assim a humanidade foi se desenvolvendo, mas eu comecei a servir a tantas finalidades diversas, que já não me via na luz, antes nas trevas. Passei, aos moldes do argumento da divindade, a conseguir explicar por argumentos lógicos situações contraditórias, incompatíveis com a própria materialidade. É como se costuma dizer: quando se experimenta o poder, o poder toma-nos conta!

Vi, em pouco tempo, que em meu nome se justificaram mutilações, mortes e guerras... E, em meu nome, ainda se justificam a desigualdade, a vigilância e o medo, além, é claro, a avareza, a abundância e o poder.

A humanidade quase se esfacelou em crise profunda. Fui novamente chamado. Eu seria o veículo para retomada da consciência. Várias foram as iniciativas neste sentido. Medidas sinceras, lógicas, racionais, inteligentes, mas já era muito tarde. A minha capacidade de produzir raciocínios pretensamente lógicos havia extrapolado todos os limites.

Ora, já estava consolidada minha contribuição para negar as proposições valorativas que eu mesmo construíra. Por raciocínio lógico matemático, a igualdade passava a ser mero sentimento romântico, inexequível, ideológico. A desigualdade, esta sim, seria o efeito da minha mais pura aplicação, vez que determinada pelas incompetências individuais, sendo enfrentada apenas de forma disfarçada por uma tal “reserva do possível”.

Em vez de revelar a verdade, criei dogmas e abstrações. Em vez de buscar a essência das coisas, vali-me dos argumentos fugidios da ponderação, da imparcialidade e da razoabilidade, sempre a serviço da insensibilidade e da indiferença. Em vez de aprimorar as relações humanas e favorecer a evolução, estimulando as ações, o amor e as utopias, incentivei o comodismo e a imobilidade, quando não, o ódio.

O meu grande desespero, que me traz, inclusive, a essa confissão, a confissão de um pecado, que pode ser visto até como uma forma de me reconciliar com Deus, é que, no fundo, eu sabia, com toda certeza, que não devia afirmar o que afirmei, mas como me era possível fazê-lo por raciocínio lógico o fiz e ainda ando fazendo por aí, pois meu domínio sobre a verdade é infinito.

Verás minha presença em jornais, livros, aulas e decisões judiciais, sobretudo nos argumentos de vitimização do capital frente às obrigações sociais ou de culpabilização da vítima. Assim, um acidentado que perde os braços em um trabalho subordinado pode ser acusado de “ato inseguro” e com isso ser eliminada a responsabilidade de quem o explorava, ou firmar o convencimento de que uma intermediação das relações sociais é a melhor forma de se desenvolverem relacionamentos humanos, ou, ainda, concluir que no conflito entre preservar a dignidade ou uma economia competitiva e darwinista deve-se privilegiar a última, mascarando, no afago da noção de que nem todas as pessoas vingam, o resultado ilógico da construção de uma sociedade humana sem seres humanos.

Quem sou eu? Ora, já não me reconheces?

Sou a razão e consigno essas palavras como confissão do cometimento de um pecado: o assassinato da consciência!

(*)  Inspirado nos contos de Machado de Assis, O Enfermeiro, 1896, e A Igreja do Diabo, 1884.

1 Comment
Anne
13/10/2015 09:03:43 am

Fantástico! Enquanto existirmos e estivermos inseridos nesse sistema de exploração que é excludente por sua própria natureza sempre ouviremos discursos que tentarão legitima-lo através da lógica e da razão...

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Editado por João Pedro M. Souto Maior